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segunda-feira, 19 de março de 2018

AS HEROÍNAS PORTUGUESAS DA HISTORIADORA FINA D' ARMADA


 Acabo de receber este presente fabuloso! Bem na energia de Ostara, do tempo de honrar e celebrar a Donzela Exploradora. Precioso...

HEROÍNAS PORTUGUESAS: Mulheres que Enganaram o Poder e a História. Ésquilo. 2012

INTRODUÇÃO

"Heroínas! O que são Heroínas?
Tal como a Terra gira e se renova, na marcha do tempo e da vida, também as heroínas mudam com os ventos da História.

Disse Robert Charroux que, se um homem matava outro, ia parar à cadeia como criminoso. Se matava dez, metiam-no num hospital psiquiátrico, era tolo. Mas, se matava milhares numa batalha, virava herói e erigiam-lhe uma estátua em praça pública.
Outrora, as heroínas eram as mulheres “virago”, as que imitavam os homens nas suas lutas guerreiras. Se alguma mulher pusesse esse mundo em causa, era mal vista e desprezada pela sociedade.

Houve tempos em que as heroínas eram as que morriam em defesa da sua fé. Nasceram assim as santas.
As “minhas” heroínas não estão em paralelo com os heróis. São outras.

Não sei se as heroínas selecionadas para esta obra serão heroínas para toda a gente. Mas são as “minhas” heroínas, aquelas que considero valorosas em nosso tempo.

Heroínas são, para mim, mulheres que fizeram algo fora do comum, novo, digno de registo, que provocou transformações sociais e mudanças de mentalidade. Estão ligadas à via, à mudança, nunca à morte. São aquelas que superaram a tragédia ou estigma de terem nascido do sexo feminino. As que vieram ao mundo para pôr em causa esse mesmo mundo. As que romperam o próprio conceito de sagrado que até esse tem sido masculino. Assim, uma moça de Coimbra foi morta pela Inquisição, porque não era filha amada de Deus como sempre lhe disseram. Ela atreveu-se a ser representante Dele na terra e ser padre jesuíta durante 18 anos.

Também houve mulheres que descobriram que, afinal, não eram filhas dos homens. Estes, os que tinham poder, em vez de as tornarem felizes, como filhas amadas, serviram-se delas, roubando-lhes os filhos e bens, e nas leis destinaram-lhes apenas proibições. Rompendo essas proibições, não cumprindo o determinado pelos senhores, o que exigiu sempre coragem e sofrimento, eis as novas heroínas!

Heroínas, para mim, foram as que abriram caminhos. As que derrubaram portas fechadas. As que enganaram o poder e as normas para sobreviver. As que suportaram a morte, o desprezo, a crítica, o abandono para que um novo mundo nascesse. Para que na vida houvesse mais felicidade e as mulheres, meia humanidade deste planeta, também pudessem saborear o conceito de liberdade.

As heroínas deste livro, na medida em que são desconhecidas, ou quase, demonstram que o próprio tempo as aprisionou e foi enganado por elas. Este livro tenta libertá-las da prisão da história e de mentalidades de tempos idos. Esta é uma maneira de as cantar e de lhes agradecer.

As heroínas perpetuadas nesta obra são mulheres de quem me orgulho, como vindoura."

Fina d’ Armada
Rio Tinto
Junho de 2012

Fina d’ Armada (1945-2014) foi uma das historiadoras e escritoras mais originais e prestigiadas do nosso tempo. Recebeu em 2005 “Mulher investigação Carolina Michaëlis”.

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